•      Digam o que disserem. Pode vir a Organização Mundial de Saúde, a associação das mães que amamentam até os miúdos irem para a escola, os pediatras fundamentalistas, o Pai Natal, enfim, podem vir todos argumentar sobre os benefícios do leite materno, que a todos respondo: amamentar é uma seca. E aposto que muitas mulheres só continuam porque têm medo dos olhares reprovadores que lhes fazem quando dizem estar a ponderar dar às suas crias leite artificial.
              Das inúmeras razões para não querer amamentar que me vêm de repente à cabeça vou destacar apenas as que ninguém nos explica quando estamos grávidas e que só descobri quando iniciei a experiência: 
    1.  Mamilos doridos. Não me estou a referir aos problemas graves que algumas mulheres têm, que incluem feridas, infecções etc. Mesmo que corra tudo bem, há sempre uma altura do dia em que os mamilos estão doridos ou hipersensíveis de tanta chupadela.
    2. Falta de sexo como deve ser. Sim minhas amigas, o dia chegará em que vos vai apetecer fazer o amor. Só que a amamentação retira a lubrificação natural e, além disso, as maminhas deixam de fazer parte da equação. Porquê? Se um duche de água quente faz o leite começar a sair imaginem o que farão umas mãos ávidas. Já para não falar do ponto acima: mamilos doridos. (Isto também aumenta a frustração do pai da criança, porque apesar de todos os dias ter diante si um peito enorme e firme, não lhe pode tocar) 
    3.  Demora horas! Bem sei que nos primeiros meses o papel da mãe é, exactamente, dedicar-se 100% ao seu bebé. Para isso é que existem licenças de maternidade e tudo. Mas passar oito horas por dia a amamentar é de dar em louca. Porquê oito horas? Porque os bebés comem pelo menos 7 vezes por dia e o ritual é: come de uma mama durante uns 15 minutos (se não mais, porque há quem diga que se deve deixar o bebé ficar o tempo que lhe apetecer – claramente pessoas que têm muito tempo livre nas mãos), 5 ou 10 minutos para arrotar, mais 5 ou 10 minutos na outra mama e voltamos ao filme de arrotar. Depois há que mudar a fralda, o que por vezes inclui mudar a roupa toda, e a possibilidade do bebé estar a engasgar-se e precisar de arrotar mais um bocadinho. Nisto passou-se no mínimo uma hora. A meio da noite significa que quando voltamos para a cama e estamos finalmente prontas para voltar a dormir, já só faltam duas horas para o bebé voltar a acordar. Bom, não é?
    4. Sentimo-nos umas autênticas vacas. Sobretudo quando temos de tirar leite (para deixar para o bebé ou simplesmente porque o peito está demasiado cheio e pode encaroçar). Aí sim, temos a confirmação de que não passamos de um mamífero cuja função é ser ordenhado. Cada apertão é um esguicho, tal e qual uma vaquinha leiteira. Muito sexy. 
    5.  Não sabemos se o bebé está a comer muito ou pouco. Por isso, pode acontecer ele chorar depois de ter comido durante mais de meia hora e nós a desesperar sem saber o que ele tem. Já comeu, tem uma fralda limpa, tem colinho, o que será? Fome.
         Resumindo, as vantagens para o bebé são grandes (embora eu e milhões de crianças tenhamos sido alimentadas a leite artificial e estejamos aqui, bem muito obrigada), mas para a mãe resumem-se ao ser muito práctico e ajudar a perder o peso da gravidez.
    Pronto. Agora podem insultar-me.


    (nota: amamentei o meu filho durante 2 meses em exclusivo. A ideia era ir até aos 3, mas não aguentei mais. Hoje, com 5 meses, ele está supersaudável, rechonchudo e feliz. E eu também.)