•       Para quem não sabe, enquanto não consigo viver apenas da escrita, trabalho como criativa numa agência de publicidade. Ou seja faço anúncios, aquelas coisas chatas que nos interrompem os programas ou as leituras. Confesso que, ao longo de dez anos de carreira, posso contar pelos dedos os anúncios de que me orgulho verdadeiramente. Já fiz muitas coisas giras, outras apenas engraçaditas e outras ainda que, embora correctas, comunicavam um produto que não me dizia nada (bancos, carros, computadores, seguros).
          Por isso, hoje é um momento emocionante na minha carreira publicitária. Consegui fazer um anúncio para um cliente que adoro (sou consumidora fiel há anos sem fim), sobre um escritor que também adoro (Miguel Esteves Cardoso) e para sair numa revista que costumo comprar. Mas acima de um anúncio daqueles que, se visse por aí, ia desejar ter sido eu a fazer.
          Claro que oportunidades destas não aparecem todos os dias, sobretudo por dois motivos. Primeiro, o contexto específico: a Time Out convidou o MEC para dirigir uma edição da revista, por sua vez o MEC lançou um livro que se chama “Como é linda a puta da vida” e por sua vez a Super Bock comprou o espaço para um anúncio nesta edição especial. Segundo, as pessoas certas: um cliente com uma enorme coragem para aprovar um título destes, um director criativo, o “meu” Pedro Magalhães, com uma enorme coragem para enviar uma proposta desta ao seu principal cliente e ainda uma dupla* que é como uma alma gémea criativa.
          Saiu isto. Eu adoro e estou muito orgulhosa.





     *em publicidade nós trabalhamos aos pares, em que um escreve (o redactor, neste caso eu) e outro desenha/Ilustra/compõe (o director de arte, neste caso a Sofia Silva que me acompanha há mais de 5 anos)
  • Aqui estão duas opções de capa para o meu próximo livro, desenhadas pela talentosa Sofia Silva. Querem ajudar-me a escolher? Digam de vossa justiça. Deixem aqui um comentário ou então participem na votação que vai decorrer na minha página do Facebook https://www.facebook.com/pages/Filipa-Fonseca-Silva/495391463830180




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  • Não me interpretem mal. Adoro passar o meu tempo livre com o meu filho e mal posso esperar pelo Verão para vê-lo rebolar na areia e apanhar conchinhas à beira-mar. Só que a partir do momento em que se tem um pequeno ser, o conceito de férias muda radicalmente, pelo menos para quem as vê como dias para descansar. (E, a contar pelas vezes em que ouvi a frase «não foram bem férias, porque fui com os miúdos», são muitos.)
    A primeira grande mudança é exactamente nas horas de descanso. É que uma criança não quer descansar: quer correr, saltar, brincar, cantar e sempre na companhia dos pais. O descanso faz-se à noite, com umas boas dez ou onze horas de sono. Deles, claro, porque os pais ainda têm de arrumar a casa/quarto, organizar as coisas para o dia seguinte e fazer um esforço para passarem uns momentos a dois, sem gritaria, até desmaiarem extenuados na cama. Assim sendo, com sorte, já só dormem umas oito horas, porque ainda há a hipótese dos filhos serem muito pequenos e acordarem a  meio da noite.
    A segunda grande mudança é no planeamento. Aquelas férias idílicas a viajar ao sabor da aventura, sem destino certo, sem quarto marcado, são extremamente difíceis de conseguir com uma prole. Para já, porque não se vai arriscar dormir no carro ou jantar numa tasca qualquer (sobretudo quem tem esquisitinhos com a comida). Mas, essencialmente, porque viajar com crianças requer muita bagagem e planos concretos. E digo planos porque convém mesmo ter o A e o B. Exagero? Não me parece, senão imaginem planear umas férias à beira-mar e estar a chover ou um dos miúdos ficar doente ou partir um braço  ou apanhar um susto dentro de água e não querer ir mais à praia. O plano B é o que fará a diferença entre umas férias mais ou menos e um desastre absoluto.
    A última grande mudança é nas noites. Férias com crianças são incompatíveis com o restaurante calmo com vista soberba ou com o novo bar que serve uns belíssimos cocktails. E enganem-se os que acham que podem continuar a frequentar esse tipo de locais depois dos pequenos terroristas aterrarem nas camas, exaustos de tanta brincadeira. A não ser que levem uma baby-sitter, que não só fique com os miúdos nessa noite, mas principalmente no dia seguinte, quando eles acordarem cheios de energia pelas oito da manhã.
    Portanto, aquela coisa de aproveitar as férias para por o sono em dia, relaxar com um bom livro, ficar a comer caracóis e a beber imperiais pela noite dentro, terá de ser adiada até os filhotes terem todos idade para se entreterem sozinhos e já não haver grande risco de arruinar o momento com uma birra.
    Até lá, fica a minha sugestão: aproveitar ao máximo os filhos, com umas férias bem planeadas, cheias de actividades e momentos divertidos, mas guardar uns dias para gozar sem eles. Uns dias onde podemos voltar a ser descomprometidos, irresponsáveis e sobretudo preguiçosos. Pelo menos até ao momento em que as saudades batem tão forte, que só queremos que eles venham saltar para a nossa cama.

    ©shutterstock


  •      Quem me conhece sabe como detesto o frio. Não consigo achar piada a quase nada relacionado com temperaturas abaixo dos 25ºC, com excepção do Natal, de lareiras e de castanhas assadas. Para mim o Inverno devia começar no dia 1 de Dezembro e acabar no dia 1 de Março. Pronto. Três meses de frio para arejar os casacos compridos e as luvas da moda, imediatamente seguidos  dos tais 25ºC, que gradualmente caminhariam para os 30ºC, para aí ficarem durante pelo menos seis meses.
         Assim, não é de estranhar que ultimamente tenha andado de muito mau humor. É que não me lembro de um Inverno mais longo e rigoroso que este (talvez porque efectivamente não se via um Inverno assim há 40 anos e eu só tenho 33).  Já não consigo olhar para as mesmas camisolas de malha, para as mesmas botas de cano alto, para os mesmos cachecóis. Já não consigo ver o edredão, o aquecedor e a manta de flanela com que cubro as pernas no sofá. Já não consigo ter ideias pra mais um dia Domingo de chuva.
         Quando olho para as havaianas escondidas no fundo do armário apetece-me chorar. Juro. Ainda no outro dia, ao procurar de uma t-shirt, abri a gaveta onde guardo os biquinis e desatei a gritar «Porquê????», enquanto me espancava mentalmente por todas as vezes em que gozei com aqueles pacotes turísticos para as massas. Quem me dera poder enfiar-me agora num charter apinhado a caminho de um hotel impessoal, com crianças aos gritos e a fazerem chichi na piscina e um buffet exactamente igual a todas as refeições, só para sentir na pele uma aragem quente e poder dar um mergulho num mar azul turquesa.
         Se tivesse tendência para depressões este teria sido o ano para me internarem. A sério. Já não bastava a soturnidade em que o país mergulhou nos últimos meses, já não bastavam as notícias do mundo a colapsar, dos amigos que emigram, do regresso do Sócrates , agora também temos de levar com a fuga do sol, o nosso companheiro de sempre, aquele que nos fazia sentir superiores aos povos do norte da Europa, como quem diz, não temos o vosso dinheiro, mas temos este solinho pelo qual vocês pagam e bem nos resorts à beira-mar plantados.
         Haja paciência...








  •      A mais recente campanha de Saint Laurent é um hino ao rock dos anos 90.
         A ligação entre a marca e as vanguardas da cultura remonta aos anos sessenta, quando o próprio criador deambulava nos mesmos círculos que Nureyev, Warhol ou Catherine Deneuve. Aliás, um dos mais célebres casamentos dos anos setenta, entre Bianca e Mick Jagger, teve como protagonista o icónico smoking em branco. 
         Agora, depois de uns momentos à deriva, a marca ressuscita esse espírito irreverente, mostrando um lado dark chic, que contrasta com as paletas coloridas que todas as outras marcas nos oferecem nesta estação.
         Além de tudo isto, é um belíssimo trabalho fotográfico de Hedi Slimane, o próprio director criativo da casa francesa. Uau!