• Querido Ronaldo,

    (Desculpa a familiaridade no tratamento, mas gosto tanto de ti que não consigo dirigir-me à tua pessoa com um mero caro, muito menos um excelentíssimo, embora me mereças o maior respeito e consideração.)
    Como qualquer figura pública sabes bem que a fama traz amores e ódios. A fama, a riqueza, o sucesso e o talento. E quando alguém tem estas quatro coisas juntas, como é o teu caso, é difícil não ser alvo constante desses ódios e invejas. Só que, no teu caso, acredito que por cada ódio, venha ele das mais altas instâncias do futebol ou do mais baixo café de rua, há o dobro em amor. Sim, sei que, como eu, há milhões de pessoas que te adoram, que te admiram e que sabem que és um homem e um atleta fora de série. E sei que, felizmente, sabes disso.
    Para mim é um orgulho ver-te jogar, seja com que camisola for (com muita pena que não seja a do Benfica, mas enfim...). É um orgulho não só por seres português, mas sobretudo pelo difícil caminho que trilhaste até atingires os teus objectivos. Os odiosos e os invejosos gostam de falar do teu corte de cabelo, dos teus carros, das tuas namoradas, mas não falam dos anos que passaste longe da tua família, sozinho, nem dos dias em que ficaste a treinar depois dos outros se irem embora para te superares e tornares no atleta magnífico que és. Gostam de falar das tuas férias e das festas onde vais, mas não falam dos hospitais que visitas, dos miúdos que acarinhas e dos autógrafos que dás, mesmo quando a agenda é apertada e estás desejoso de ir para casa ter com o teu filho. Gostam de falar da roupa das tuas irmãs ou do novo corte de cabelo da tua mãe, mas não falam do amor e da segurança que elas te dão e que foi, decerto, fundamental para que nunca tenhas desistido dos teus sonhos e nunca te tenhas perdido como tantos outros atletas que ficam cegos pela fama e pelo dinheiro.
    E por falar em dinheiro, é teu de direito, conquistado literalmente com o teu suor, com o teu talento sobrenatural e ainda bem que podes proporcionar uma vida fantástica a todos de quem gostas. Ao contrário de tantos outros atletas, o dinheiro não te corrompeu, não te tirou a alegria de jogar à bola nem a constante batalha que travas contigo próprio para seres cada vez melhor. Uma batalha que tenho tido o privilégio de assistir ao longo dos últimos dez anos.
    Não sou do tempo do Pelé nem vi o "meu" Eusébio jogar. Era uma menina que brincava com as Barbies quando o Maradona e outros grandes talentos dos anos 80 davam cartas. Só comecei a ligar ao futebol quando vi uma reportagem sobre o Van Basten no início dos anos 90 e só fiquei verdadeiramente apaixonada quando fui ao Estádio da Luz pela primeira vez. Vi todos os grandes jogadores portugueses (e estrangeiros!) jogarem inúmeras vezes, ao vivo e a cores, desde então. Do meu maestro Rui Costa, ao aclamado Figo, entre tantos outros. Mas nunca vi nenhum jogador que se compare a ti. Tu tens aquela coisa que só os grandes têm. Aquela coisa que nos cola ao relvado, que nos faz gritar e nos enche o coração. Aquela coisa que te vai tornar lendário e imortal.


    Para mim, digam o que disserem, és o melhor do mundo. O melhor de sempre! Ah, e se vestisses a camisola do Benfica...






    Beijinhos,






    Filipa








  • Há uns anos li uma frase do comediante Jerry Seinfeld que dizia algo como " ter uma criança de dois anos em casa é como usar um liquidificador sem tampa". Na altura achei a frase divertidíssima, mas só hoje a entendo na perfeição. É que, de facto, a não ser que tenhamos uma empregada interna, daquelas como nos filmes, que ficam lá a dormir e tudo, é humanamente impossível manter a casa limpa e arrumada quando se tem filhos menores de seis anos (que os outros já têm idade para limpar muito do que sujaram e arrumar os brinquedos antes de ir para a cama).

    Se acabámos de passar a esfregona no chão, eles entram pela divisão adentro e espezinham tudo; se acabámos de aspirar eles vão comer bolachas; se mudámos os lençóis de manhã, eles fazem chichi na cama à noite; se vestimos uma camisola nova, eles vêm dar-nos um abraço com as mãos pegajosas; se acabámos de pôr os Legos todos na caixa, eles despejam o cesto dos puzzles. Acreditem, é como uma daquelas leis de Murphy.

    Assim, uma mãe (e um pai, que hoje em dia já costumam ajudar nas tarefas domésticas), tem duas opções:

    1) virar Mãezilla e desatar aos gritos todas as noites, sobretudo por altura das refeições, passando o serão a limpar, a arrumar e a procurar a única peça de roupa que não tem bocados de comida incrustada, para poder vestir na reunião da manhã seguinte.

    2) desistir e interiorizar o ditado "se não os podes vencer, junta-te a eles", abraçando a desarrumação como um estado natural e repetindo mentalmente aquele famoso slogan do Skip "é bom sujar-se", nomeadamente quando os colegas repararem que temos um bocado de banana esmagada nas calças.

    Como a única satisfação que se pode retirar da primeira hipótese é poder contemplar a casa toda arrumadinha nos minutos que antecedem a nossa queda na cama, já que, na manhã seguinte, o caos recomeça em todo o seu esplendor por altura da primeira papa do dia e ninguém deixa de ser promovido por ter uma nódoa na camisa, optei pela segunda, para escândalo da minha família, que ainda por cima sofre de "arrumadismo" agudo. Bem vejo os seus olhares horrorizados quando entram na sala de estar, agora convertida em parque de diversões do pequeno T. Oferecem-se discretamente para ajudar, para varrer, para apanhar os brinquedos do chão, e eu agradeço e deixo-os sentirem-se úteis, embora saiba que, assim que eles saírem, o meu terrorista vai minar tudo em três tempos e eu vou fechar os olhos às dedadas nas portas, respirar fundo e perceber que, na verdade, prefiro estar ali com ele a espalhar cubos pelo chão, do que na cozinha agarrada aos instrumentos de limpeza. Não é fácil, vai contra o meu instinto, mas é a única maneira de sobreviver aos primeiros anos de uma criança.

    E se, de repente, aparecerem visitas ou tiver de chamar um médico ao domicílio e a parede ainda estiver salpicada de sopa (sim, há pratos que voam das cadeirinhas em dois segundos), em vez de baixar a cabeça envergonhada perguntando a mim própria "o que é que vão pensar de mim", vou sorrir e deixar que os meus olhos digam "desculpe a desarrumação, mas nós vivemos aqui".





  • E para isso, está a chegar um novo portal! Façam já o registo e preparem-se para um mundo de coisas que todas as mamãs (e papás) querem saber.

    A minha mãe é a mais babada

  • «Pois é minha querida. Aqui estou à espera da morte» suspirou, com o olhar preso na janela. A cortina branca a ondular lentamente, sugerindo silhuetas de árvores e um céu azul lá fora. «Não sei porque é que me prolongam o sofrimento. Já vivi o que tinha a viver. Uma vida boa, uma vida justa, a vida que eu escolhi. Talvez para alguns tenha sido uma vida miserável, humilde demais. Para aqueles que se deslumbram, que se deixam encadear pelo que está no cimo da montanha. Mas para mim, agora que olho para trás, foi o que quis. Não me arrependo. A minha montanha é sólida. Ou era, porque agora tudo é trémulo e frágil como os meus ossos. Até as minhas memórias.»


    Engulo em seco e tento sorrir. O que posso dizer? Mentir descaradamente e afirmar que vêm aí dias melhores? Que foi bom enquanto durou? Que ainda bem que viveu a vida que quis? O que é que isso interessa daqui a uns meses, quando até essa certeza se esfumar, por entre um manto de confusão e pesadelos? Como explicar a alguém que nos explicou o mundo, que nada fará sentido daqui para a frente? Que todos os rostos se vão desfigurar, mesmo os mais queridos? Aperto-lhe a mão com mais força e aceno com a cabeça. As palavras não se querem soltar. Sinto-me estúpida e vazia, como a empregada que arrasta o carrinho de chá pela casa afora, provocando um barulho ensurdecedor, aterrador, de loiça e metal. Um barulho que a estúpida ignora que possa estar a incomodar os habitantes da casa. E lá vai ela, até ao próximo quarto, a falar alto e a derramar pela tijoleira a sua falta de respeito. Como se aquelas pessoas não merecessem que se fechem as portas com cuidado, que se lavem as chávenas com delicadeza, que se fale ao telefone num tom de voz normal. É que eles morrem todos. Não estão ali muito tempo. Não vale a pena uma pessoa se afeiçoar. E a maioria são surdos ou senis. Daqui a um bocado, nem se vão lembrar. Não lhe pagam para mais. É domingo. Tem de limpar a casa, abrir a porta às visitas e servir os lanches até chegar a enfermeira da noite.


    «Tu é que me podias ajudar a sair daqui!» exclamou, com um olhar de clarividência. «A tua cunhada não me quis ajudar, mas tu vais ajudar-me, não vais? Prenderam-me aqui. Não querem que eu saia desta cama.»


    «Mas se calhar é porque não pode sair. Ainda não está curada da sua perna.»


    «Não... Eles têm medo que eu ande por aí, porque eu falo de noite e faço disparates a dormir. Tenho aquela doença, como é que se chama?»


    «Sonambulismo?»


    «Isso. A tua prima não sabia a palavra. Amanhã já lhe digo. Não sabia, mas parece que sou sonâmbula e prego-lhes sustos. Também pregava à minha mãe. Ela pensava que eu estava a dormir e eu estava a ler debaixo dos lençóis. Ralhava tanto comigo... Era analfabeta, mas disse-me logo que eu ia dar cabo da vista. E assim foi. Sempre usei estes óculos de fundo de garrafa e agora vou ter de ser operada aos olhos. Não vejo nada. Custa trezentos mil euros a operação. Ou três mil euros? Não sei. Agora já não posso ler. Eu que adoro ler. Não li o teu livro. Não consigo. O primeiro li. Três vezes. Primeiro leio o fim. Sempre fiz isso. Leio do fim para o princípio, porque não aguento de curiosidade. Depois leio uma segunda vez, do princípio para o fim, e às vezes uma terceira. Este não consegui ler, desculpa. Parece que estou a ver a minha mãe a entrar pelo quarto adentro e a perguntar o que é que eu estava a ler. Eram sempre coisas que não devia. Livros que a Renatinha roubava da biblioteca do pai, que era oficial da Marinha. Livros com linguagem muito ousada para a época. Mas eu dizia à minha mãe que eram livros da escola e escondia-os atrás do reposteiro. E ela, como era analfabeta, acreditava. Reposteiro, que palavras tão feia... Mas é assim que se diz, não é? Não havia livros na minha casa, mas eu punha a mão em qualquer um que encontrasse. Sempre tive uma avidez pela leitura, pelo conhecimento. Sempre fui muito curiosa. Também tinha um vizinho a quem pedia "O Século" emprestado. Era o Jorge. Um gordo, assim meio seboso e aparvalhado. A mãe dele, que era feirante, comprava "O Século" porque queria que ele fosse instruído, mas ele não queria saber disso para nada. Então, eu pedia-lhe para levar o jornal para casa e devorava-o até à manhã seguinte. Depois deixava-o lá direitinho, debaixo da porta. A mãe dele era feirante, mas sabia que o mais importante era estudar. Vê lá tu, naquela altura! E a Renatinha a levar-me os livros do pai, às escondidas. Encontrávamo-nos no ringue, mas eu não ia lá para dentro, porque tinha medo de levar com o disco na cabeça. Então sentava-me na cancela, a impedir o jogo. E elas ficavam todas furiosas e depois a Renatinha dizia que já não me emprestava mais livros... Estão todos mortos... Mas deixa-me olhar para ti. Estás tão bonita.»


    Dou uma volta como uma menina pequena a exibir o vestido novo. A menina pequena que era quando nos conhecemos, num tempo em que eu falava pelos cotovelos. Agora não sei o que dizer. Queria ser essa menina pequena outra vez. Talvez começasse a contar uma história cor-de-rosa, daquelas que só as meninas pequenas sabem contar. E conseguiria tirá-la daquela cama para darmos um passeio de mãos dadas. Depois, a professora faria um traço num papel com um marcador grosso, o qual eu teria de completar com os meus lápis de cor. "Desenho dirigido", a minha actividade preferida nas nossas aulas. As crianças têm muito mais jeito para lidar com os adultos e com situações constrangedoras em geral. Sabem sempre o que dizer. Nunca ficam com nós na garganta.


    «Quando sair daqui tenho de marcar uma consulta com um... com um... como é que se diz? Aquelas pessoas que tratam das coisas que as pessoas não sabem explicar?»


    «Psicólogo?»


    «Não, aqueles que tratam as pessoas que não percebem o que se passa na cabeça»


    «Psiquiatra?»


    «Isso, ainda ontem estive o dia todo a tentar dizer isso à tua nora, a Sa... como é que ela se chama? A tua nora? Não interessa. Psiquiatra. Gostava de falar com um e perguntar se é normal nuns momento estar aqui e, noutros, parece que já não estou, que não sou eu, não posso ser eu, não me lembro. Parece um pesadelo. Achas que ele me ajuda?»


    «Claro que sim. Mas é normal estar confusa.»


    «Eu estou aqui mas tenho uma casa, sabias? Não preciso de estar aqui. E a minha prima também tem uma casa... Estou cansada.»


    «Sim, acho melhor descansar. Posso voltar para outra visita?»


    «Podes. Gostei muito de te ver. Estás muito bonita.»


    «Então eu volto. Descanse agora.»


    Dou-lhe um beijo na testa e sorrio, enquanto choro por dentro. Para mim o dia ainda vai a meio. Tenho os meus amores à minha espera, o jantar para fazer, a semana de trabalho para preparar, uma vida inteira para construir. Para ela só há aquela janela, que em breve já nem o azul do céu permitirá vislumbrar, agora que o Outono chegou. Uma janela e mais um dia que nunca mais acaba. Mais um novelo de recordações que se misturam e misturam até se perder totalmente o fio à meada.


    Saio e reparo que o meu carro é o único no parque de estacionamento. É domingo. Está sol. Poucos são os que estão dispostos a deixar que uma nuvem negra lhes estrague o fim-de-semana. Ignoram a importância do calor humano, de um afago, de um sorriso. Ignoram que os minutos que nos pesam no coração, por espelharem a efemeridade da nossa existência, levam alguma leveza ao coração dos que ali vivem os resquícios da sua. De qualquer forma, eles são velhos. Nem sabem que dia é. Não se vão lembrar.








  • Ao longo dos anos, sobretudo dos últimos dois, tenho vindo a detectar vários padrões de mães, que podem ser mais ou menos agrupadas em oito tipos (ou estereótipos) distintos. Desde as mais fundamentalistas, às mais relaxadas, há mães para todos os gostos. Algumas têm um bocadinho de várias, formando misturas explosivas como a "Mãe Aleijada e Hipocondríaca" ou hilariantes como a "Mãe Hippie e Aluada". Mas o mais importante é que são todas mães, ou seja, seres superiores que geram vidas e transbordam amor. Cada uma à sua maneira.

    Mãe Aleijada - O termo pode parecer depreciativo e, na verdade, é mesmo, porque este é o tipo de mãe mais irritante. É a mãe que ao fim de uma semana de maternidade acha que já sabe tudo melhor que ninguém e não compreende porque é que existe qualquer outra actividade na vida que não seja ser Mãe. Está sempre a mandar palpites e a mostrar como os seus métodos são os mais correctos (têm de ser os mais correctos, porque ela já leu todos os livros que interessam e está a fazer tudo como manda a praxe!).

    Antes de ser mãe até era uma pessoa normal, mas depois o seu mundo mudou: agora só as crianças interessam e esse é o único tema sobre o qual gosta de falar- o trabalho é um mero local onde angaria audiência para os seus monólogos sobre puericultura; o marido é um escravo que serve para carregar os sacos, pagar as contas e acompanhá-la nos inúmeros eventos sociais, sempre relacionados com crianças; as amigas só continuam na sua vida se tiverem filhos, já que as outras são umas infelizes que não compreendem o que é ser mãe e não estão interessadas nas suas histórias sobre partos, amamentação e colégios. Por falar nisso, a sua maior preocupação, desde que a criança nasce, é exactamente o colégio que irá frequentar, porque os primeiros anos de educação são determinantes e era o que faltava o colégio dos filhos da Bernarda ter aulas de violino e o dela não. Pertence a tudo o que é grupo de mães, conhece todos os blogues e já experimentou todas as actividades relacionadas com crianças, desde que aprovadas pelas Associação Portuguesa de Pediatria. Escusado será dizer que é supercompetitiva, os filhos são sempre os melhores e tem horror às Mães Hippies, Descontraídas ou a quem quer que se atreva a dizer que há coisas mais interessantes na vida do que bebés.





    Mãe Aluada - Esta é uma mãe de coração na terra mas de cabeça no ar, já desde a gravidez. São comuns episódios como fumar porque se esqueceu de que estava grávida ou só fazer a mala da maternidade quando lhe rebentaram as águas. É a mãe que às duas da manhã repara que não há mais fraldas, deixa queimar a sopa, troca a hora dos antibióticos e precisa de lembretes no telemóvel para não se esquecer do aniversário da criança. Apesar de tudo é uma mãe carinhosa, brincalhona e presente... quando se lembra de ir buscar os filhos à escola. Aliás, desde cedo que os seus filhos sabem que, se precisarem de alguma coisa realmente importante, género fato para a festa de Natal, o melhor é pedirem à avó. O que a deixa um bocado frustrada porque normalmente é uma pessoa ligada às artes e adora fazer essas coisas.





    Mãe Descontraída - A mãe em que todas nós, eventualmente, nos tornamos - sobretudo a partir do terceiro filho. É uma a mãe rebelde, que lê os livros apenas para se certificar que não vai fazer nada daquilo, que nunca viu um esterilizador e que passa a chucha pela camisa quando esta cai ao chão. O seu lema é "no tempo das nossas mães não havia nada destas modernices e sobrevivemos". Não é grande fã da amamentação, deixa o bebé com a primeira pessoa que se oferecer e está-se a borrifar se as visitas lavam as mãos antes de pegarem no rebento. É a mãe que vemos na praia a sorrir enquanto os miúdos comem areia e que só liga ao pediatra quando a febre não baixa há mais de três dias. Quando os filhos crescem, esta mãe deixa-os fazer coisas impensáveis como trepar às árvores, brincar na rua, andar de metro ou escolher as suas próprias actividades extra-curriculares. São vistas como totalmente irresponsáveis por umas, e um exemplo a seguir por outras.





    Mãe Fashion - O sonho de uma mãe fashion era ser a Victoria Beckam ou a Angelina Jolie, cujas aparições públicas são sempre dignas da capa da Vogue e lançam a próxima tendência em acessórios para mães e crianças. É uma mãe que não deixa nada ao acaso: do biberão ao carrinho de passeio, tudo tem de ser de uma marca trendy ou de algum designer de nome impronunciável; o anúncio de nascimento é de uma originalidade de fazer corar o Stefan Sagmeister; as fotografias que publica (preferencialmente no Instagram) parecem tiradas numa sessão fotográfica profissional e o quarto da criança é, no mínimo, concebido por um designer de interiores (quando ela própria ou o marido não são os autores do projecto, já que, por norma, esta mãe tem profissões ligadas ao design, arquitectura ou moda). Qualquer mãe que ache que está muita gira naquele dia é imediatamente remetida para a sua insignificância quando se coloca ao lado de uma Mãe Fashion. Por isso, é um tipo de mãe a evitar quando estamos com a auto-estima em baixo.





    Mãe Hipocondríaca - Esta mãe é o pesadelo de qualquer pediatra. Aliás, já tinha sido o pesadelo do obstetra, que, por sua causa, mudou três vezes de número de telefone no espaço de nove meses. É a mãe que não pode ler nada, pois sente logo (ou vê nas suas crias) todos os sintomas. Mas o pior é que está sempre à procura de informação sobre doenças e epidemias. Ao primeiro espirro enrola a criança num cobertor polar, nunca lhe veste menos de três peças de roupa e tem termómetros em todas as divisões da casa para garantir uma temperatura adequada a cada momento. As visitas têm de se descalçar e desinfectar as mãos ainda à porta de casa e, se tiverem uma narina entupida, o melhor é nem aparecerem. Os seus melhores amigos são os esterilizadores, os purificadores de ar e as toalhitas desinfectantes, e o seu maior pesadelo o infantário. Vive em constante ansiedade e, quando os filhos já têm trinta anos, continua a perguntar se andam bem agasalhados e se tomaram as vitaminas.








    Mãe Hippie - Uma mãe totalmente Zen, adepta do parto natural, de preferência dentro de água, e da amamentação até à idade escolar. Os filhos só usam fraldas de pano, roupa em segunda mão e dormem com os pais até implorarem para ir para as suas próprias camas. Evitam a vacinação, a televisão e a inovação em geral. Por regra, são vegetarianas ou macrobióticas e os seus filhos só vão descobrir as maravilhas de um Happy Meal quando tiverem idade para irem ao centro comercial sozinhos. Ou se a educadora de infância for uma rebelde e lhes der a provar comida normal à revelia da Mãe, por já não aguentar o olhar triste das crianças a olhar para uma sandes de tofu, enquanto os outros meninos se lambuzam com fiambre e bolachas de chocolate.


    Carregam os seus filhos em panos até aos três anos, frequentam aulas de Baby Yoga e só praticam actividades ao ar livre e em comunhão com a Grande Mãe Natureza. O seu sonho é viver numa quinta, o mais longe possível da civilização ocidental, onde as crianças possam ser livres e brincar nuas pelos campos.






    Mãe Vai-com-as-outras - Esta é uma mãe extremamente insegura e que, por isso mesmo, está sempre à procura de conselhos e de aprovação alheia. Se ouve falar num novo biberão que previne as cólicas, deita logo os seus fora. Se ouve dizer que o melhor colégio é o X, trata logo de transferir os miúdos. Se o mãe do João fez a festa de anos no sítio Y e os meninos adoraram, ela também terá de fazer. Raramente segue o seu instinto e é altamente influenciável pelas Mães Aleijadas, que tudo sabem e tudo partilham, e pela sua própria mãe. Está sempre a comparar os seus filhos com os filhos dos outros, para se certificar de que está a fazer tudo como deve ser. Não é raro ter crises de choro à noite, enquanto se interroga se será uma boa mãe e se o seu rebento será feliz, quando bastava olhar para ele e para o seu ar saudável e bem-disposto para saber a resposta.






    Mãezilla - Sim, para os mais leigos em matéria de Banda Desenhada, é a conjugação da palavras Mãe com Godzilla, o destruidor monstro japonês. Este é o tipo de mãe que está sempre em stress, a gritar com os filhos ou a implementar regras típicas de uma academia militar. Tal como o monstro, não tem paciência para seres humanos em geral e crianças em particular, sobretudo a partir do momento em que começam a falar e a ter vontade própria. Normalmente a Mãezilla engravidou por obrigação, pressão social ou acidente e está desejosa de que os filhos cresçam depressa e lhe desamparem a loja para poder voltar a ter vida. Também tem os seus momentos de ternura, embora raros e em privado, não vá alguém reparar que tem um coração. É grande adepta dos colégios internos e dos acampamentos de férias.


    (Quase todas as mães têm o seu momento Mãezilla, mais cedo ou mais tarde.)



  • Sim, caros leitores, o canal FOX Life recomenda este blog, o que me deixa profundamente orgulhosa por dois motivos:

    1) Sou fã do canal desde que ele apareceu

    2) É bom saber que há quem esteja atento ao nosso trabalho e goste de se associar a ele.

    Mas voltando ao ponto 1. Antes da minha box estar permanentemente encravada no BabyFirst, costumava estar encravada na FoxLife. (Ah, bons velhos tempos, em que ia almoçar a casa e ficava a ver a Raising Hope ou temporadas antigas das minhas séries favoritas, como Donas de Casa Desesperadas...) Agora, com o tempo disponível para ver televisão cada vez mais escasso, tenho de ser muito selectiva, mas haja o que houver, ninguém me tira as minhas horinhas de Anatomia de Grey (a 10ª temporada começou este mês, para quem não sabe), Modern Family (estreia em Dezembro) ou American Idol.

    Por isso, serve este post para dizer que isto não é publicidade, até porque, sendo este um blog pessoal, só falo do que eu realmente gosto e não faço favores a nenhuma marca (excepção feita à Dior, à qual vendo a alma quando eles quiserem, confesso). A verdade verdadinha é que este blog é recomendado pela FOX Life, mas a FOX Life também é recomendada por este blog.






















  •      Quem andar por Londres nos próximos dias (mais precisamente, até 13 de Outubro) e for fã da Guerra das Estrelas, não pode perder esta exposição na Saatchi Gallery: capacetes dos Stormtroopers costumizados por pesos pesados da arte contemporânea.
         Para grande orgulho dos portugueses (eu pelo menos sinto-me sempre orgulhosa destas coisas), a Joana Vasconcelos foi uma das artistas convidadas, apresentando um capacete forrado a renda dos Açores, colocando o seu nome (mais uma vez!) nos píncaros dos meios artísticos, ao lado de outros como Damien Hirst ou David Bailey.
         O projecto inclui ainda uma série de posters que serão afixados durante quatro semanas na estação de metro londrina de Regent's Street.
         Art Wars foi criado por Ben Moore com o objectivo de angariar fundos para encontrar o seu irmão desaparecido desde 2003. No final da exposição, as obras serão leiloadas e as receitas reverterão para o fundo 'Missing Tom'.






         Vejam mais imagens das obras em exibição aqui http://artwars.net/artworks/


  • Quando se tem um filho o coração começa a crescer. É um facto. Só assim é possível guardar um amor tão grande, tão poderoso e tão incondicional. E é indiferente se são filhos biológicos ou não, porque uma mãe quando é mãe sabe que não interessa de onde veio o filho a partir do momento em que lhe entra pelo coração adentro.
    Só que o mais engraçado é que, com o passar do tempo, uma mãe sente literal e fisicamente o coração a crescer. É uma dor pequenina e boa que normalmente aparece quando estamos distraídas a contemplar o nosso rebento ou a vê-lo fazer uma gracinha nova. Pode também surgir a meio da noite, despertando-nos em sobressalto. É como um aperto mas ao contrário e muitas vezes vem acompanhado de uma lágrima ou de um soluçar.  Por vezes, chega a tornar-se assustador, porque parece que o coração vai explodir de tanta emoção. Nesses dias, acreditamos que a coisa acabou, que o coração já cresceu tudo o que tinha para crescer, que nenhum ser humano aguenta um amor assim, apenas para sermos surpreendidas, meses mais tarde, por outra dorzinha de crescimento. E é então que percebemos que esta máquina incrível que nos mantem vivos, o nosso coração, é elástico. Mas elástico até ao infinito, até ao fim dos nossos dias, sempre pronto a receber mais e mais amor. E quantos mais filhos tivermos, mais espaço ele arranja para os acolher e embalar com o seu ritmo metódico, doce e familiar. Tum-tum, tum-tum , tum-tum.
    O coração de uma mãe é elástico. Elástico até ao infinito, porque o seu amor nunca acaba.

    Nuvem de estimação ©Maria Imaginário

  •      Cada vez que vejo alguém com um lenço giro, seja numa revista ou ao vivo, lembro-me que tenho uma caixa cheia deles e nunca uso nenhum. Chego a casa entusiasmada,  pego no primeiro exemplar a que deito a mão e tento colocá-lo de forma graciosa, isto é, de forma a não parecer uma velhota com um xaile pelas costas. Só que, por mais voltas que dê, não consigo que a coisa saia bem.  Ou enrolo-o até parecer que parti o pescoço, ou assim que me mexo o lenço começa a escorregar, ou acabo por usá-lo tipo cachecol ou... xaile de velhinha. E lá voltam os desgraçados dos lenços para o fundo do armário.
         Eis se não quando a Hermès lança a Silk Knots App, uma aplicação fantástica  para as deseijeitadas como eu! E grátis! Tem imagens, vídeos e esquemas que explicam as várias formas de usar um lenço de seda, seja de que tamanho for. Obrigada Hermès: finalmente vou poder arejar os lenços e aproveitar para "roubar" uns bens giros do armário da minha mãe.